Mietta Santiago foi uma mulher de fibra, não se calou frente as injustiças no que tange ao voto feminino. Mietta foi até a justiça requerer seus direitos como cidadã e como mulher, tudo isso em defesa do voto e na participação da mulher no âmbito político.
Apesar de não ter sido a
primeira mulher a votar no Brasil, a escritora e advogada mineira Mietta
Santiago (pseudônimo de Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira) teve
um papel fundamental para que o direito ao voto chegasse a todas as mulheres.
Com apenas 25 anos, Mietta desafiou a justiça no Brasil impetrando um Mandado
de Segurança em que alegava que o veto ao voto das mulheres contrariava o
artigo 70 da Constituição Brasileira de 24 de fevereiro 1891, então em vigor.
O fato, inédito no Brasil,
permitiu que Mietta se tornasse não só eleitora, mas também candidata, e
votasse em si mesma para um mandato de deputada federal. Embora ela não tenha
conseguido se eleger, foi a primeira a exercer, plenamente, os seus direitos
políticos. Nessa época, o Partido Republicano do Rio Grande do Norte aproveitou
a brecha aberta por Mietta Santiago para lançar a candidatura da potiguar Luiza
Alzira Soriano Teixeira, que se tornaria a primeira mulher a ser eleita para um
mandato político no Brasil, como prefeita do município de Lages.
A coragem de Mietta
inspirou Carlos Drummond de Andrade no seu poema ‘Mulher Eleitora’: “Mietta
Santiago, loura poeta bacharel conquista, por sentença de juiz, direito de
votar e ser votada…”.
Nascida na cidade de
Varginha (MG), aos 11 anos, Mietta foi viver na capital mineira, onde estudou
na Escola Normal de Belo Horizonte. Seu pai queria que ela lecionasse, mas a
menina decidiu cursar mais dois anos de segundo grau para poder ingressar na
Faculdade de Direito, seu grande sonho. Durante o curso, teve contato com a
literatura moderna e se apaixonou pelo gênero da poesia, tornando-se
futuramente escritora. Depois passou seis meses na Europa, onde terminou os
estudos na área de Direito. Nessa época, teve contato com as ideias do
movimento sufragista. Em alguns países pelos quais passou, percebeu o comprometimento
das mulheres com a política.
Aos 20 anos, retornou da
Europa, casou-se e pouco depois conseguiu o direito ao voto. Em Minas Gerais,
fundou a Liga de Eleitoras. Como escritora, publicou as obras ‘Namorada da
Deus’ (1936), ‘Maria Ausência’ (novela, 1940), ‘Uma consciência unitária para a
humanidade’ (1981) e ‘As 7 poesias’ (1981). Escritora, advogada criminalista,
oradora, escritora, poeta, sufragista e feminista, Mietta Santiago faleceu na
cidade do Rio de Janeiro em 1995.
Fonte: Observatório do
Terceiro Setor.
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