Nise da Silveira foi uma mulher que revolucionou os parâmetros terapêuticos psiquiátricos. Essa mulher ilustre foi uma psiquiatra que enxergou na arte uma proposta alternativa para tratamento mental, contribuindo amplamente nesse âmbito.
Nise Magalhães da Silveira (1905 – 1999) nasceu em
Maceió (AL). A psiquiatra se formou em 1926 na Faculdade de Medicina da Bahia e
foi a única mulher da turma de 158 alunos. Os estudos de Nise sobre o
inconsciente foram inspirados pelo trabalho de Carl Gustav Jung. Ela foi
responsável pela introdução da psicologia junguiana no Brasil. Nise conquistou
reconhecimento mundial por ter elaborado abordagens humanizadas para pessoas
com transtornos mentais e por se opor a tratamentos extremos como o choque
elétrico, lobotomia e o confinamento.
A psiquiatra
defendia o uso da arte para a manutenção da saúde mental, especialmente
modelagem e pintura. Além disso, Nise incentivava os pacientes – que ela
preferia chamar pelo nome próprio ou por clientes – a manter contato e cuidar
de cães e gatos. Inclusive, A médica escreveu um livro dedicado aos felinos,
chamado Gatos, a Emoção de
Lidar.
Acusada de ter envolvimento com o comunismo por ter livros
marxistas em seu acervo pessoal, a psiquiatra foi presa durante o governo de
Getúlio Vargas, entre 1936 e 1937. Neste período, Nise conheceu o
escritor Graciliano Ramos no
presídio, que chegou a mencioná-la no livro Memórias do Cárcere.
Em 1952, os trabalhos artísticos de parte dos pacientes de Nise
da Silveira foram reunidos no Museu de Imagens do Inconsciente,
no Rio de Janeiro. Alguns dos quadros foram levados para o II Congresso
Internacional de Psiquiatria, em Zurique, na Suíça. A exposição foi inaugurada
pelo próprio Carl Jung.
Em 1956, Nise inaugura a Casa das Palmeiras,
um centro de tratamento que tem a proposta de oferecer atividades para
reinserir na sociedade indivíduos que tiveram alta psiquiátrica.
A médica dá o nome de várias instituições ligadas ao estudo
da mente, como a Associação Nise – Imagens do Inconsciente, em Paris, na
França, e o Instituto Municipal Nise da Silveira, no Rio de Janeiro. O trabalho
desenvolvido no Museu do Inconsciente foi retratado no documentário Imagens do
Inconsciente (1987), dirigido por Leon Hirszman. Em 2016, a psiquiatra foi
interpretada por Glória Pires no filme Nise – O Coração da Loucura.
Em 2017,a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (UNESCO) incorporou o acervo da psiquiatra ao registro
internacional do Programa Memória do Mundo, que tem por objetivo facilitar a
preservação do patrimônio documental mundial e torná-lo acessível a todos.
Segundo a entidade, a indicação garante a preservação dos ensinamentos da
renomada psiquiatra brasileira que, por meio de cartas trocadas com Carl Jung,
deu abertura para a entrada da psicologia junguiana na América Latina. Em decorrência de uma pneumonia e insuficiência
pulmonar, Nise faleceu em 1999, aos 94 anos, no Rio de Janeiro.
Fonte: Revista Cult (UOL).
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