Educadora, sufragista e indigenista, assim era conhecida Leolinda Figueiredo Daltro, essa mulher que não se conformava com as conjunturas patriarcais ficou conhecida como “mulher do diabo” apenas por lutar pelo direito das mulheres e deter senso de justiça.
Leolinda Figueiredo Daltro nasceu na Bahia, em 14 de julho
de 1859, foi professora, sufragista e indigenista, e lutou pela autonomia das
mulheres. Em 1910, juntamente com outras mulheres, fundou o Partido Republicano
Feminino. Em 1917, liderou uma passeata exigindo a extensão do direito ao voto
às mulheres. O senso de justiça de Leolinda a fez ficar conhecida como “a
mulher do diabo” em 1909.
No Brasil fervorosamente católico da época, uma mulher
desquitada, ativa politicamente, que circulava em ambientes masculinos,
acreditava na transformação pela educação e lutava para garantir o direito das
mulheres ao voto não poderia ser considerada outra coisa senão “diabólica”.
Como era costume na época, casou-se cedo e teve dois filhos. Porém, logo
separou-se do marido, encontrando uma motivação para estudar para ser
professora e ajudar nas economias de casa.
Aos 24 anos, casou-se novamente e mudou-se para o Rio de
Janeiro “em busca de melhores condições de vida”. Com o novo marido, Leolinda
teve mais três filhos. Logo após sua ida para o Rio de Janeiro, Leolinda se
separou ou ficou viúva, não se sabe ao certo. Fundou o Partido Republicano
Feminino com a poetisa carioca Gilka Machado em 1910, bem como três jornais
dedicados à mulher, além de publicar dois livros nos quais contou aspectos de
sua vida. Por mais de dez anos, Leolinda e suas companheiras de partido
criticaram a cidadania incompleta das mulheres e participaram de todos os
eventos que podiam ter repercussão na imprensa.
Além disso, Leolinda percorreu o interior do Brasil a fim de
estimular a alfabetização laica de comunidades indígenas, uma vez que o sistema
vigente na época era de catequização e conversão ao catolicismo. Em 1902, em uma
viagem ao sertão de Goiás, procurou o Instituto Histórico Brasileiro para
propor a criação de uma associação civil de amparo aos indígenas. Daltro foi
impedida de participar pessoalmente da reunião sob a alegação de que era
mulher. A partir de 1890, o voto deixou de ser considerado como um símbolo e
passou a ser visto como uma chave para mudanças.
As sufragistas diziam que as vidas das mulheres não
melhorariam até que os políticos colocassem seus olhos no eleitorado feminino.
A luta pelo direito de voto era um meio para atingir um fim. Em 1913, os
jornais deram ampla publicidade ao movimento das suffragettes, quase sempre
reforçando que este não era um comportamento que as brasileiras deveriam
seguir.
Na década de 1930, Leolinda ainda estava ativa na luta pela
emancipação feminina, fazendo parte da Aliança Nacional de Mulheres. Leolinda,
na maioria das vezes, foi mal compreendida e teve que suportar piadas e
zombarias em relação à sua luta. Ela não queria revolucionar o papel da mulher
na sociedade. O objetivo era reformar seu papel, integrando a mulher de forma
mais justa e igualitária na sociedade brasileira e dando oportunidades para que
as mulheres fizessem parte da vida pública.
Ela também procurou reformar as leis para que as mulheres
brasileiras atuassem de forma igualitária à dos homens, com as mesmas
oportunidades e direitos. Leolinda foi uma das pioneiras da luta pelos direitos
das mulheres no Brasil. E até hoje lutas como a dela seguem necessárias, já que
as mulheres trabalham e estudam mais, mas continuam ganhando menos que os
homens no país.
Fonte: Observatório do Terceiro Setor.
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