Margarida, primeira mulher a exercer o cargo de sindicalista no Brasil. Não conformada com as condições aos quais os trabalhadores rurais eram sujeitados, lutou para que estes pudessem deter de direitos básicos. Lutando e defendendo o trabalhador rural, Margarida perdeu sua vida.
Durante o período em que esteve à frente do sindicato, a
militante foi responsável por mais de 100 ações trabalhistas na justiça do
trabalho local. Contudo, sua atuação no sindicato entrou em choque com os
interesses do proprietário da maior usina de açúcar local (a Usina Tanques); de
alguns senhores de engenho, remanescentes do período em que os engenhos
dominavam a economia açucareira local e estadual; e de fazendeiros não ligados
à lavoura da cana.
As denúncias de abusos e desrespeito aos direitos dos
trabalhadores nas usinas da região, feitas por Margarida, resultaram no seu
assassinato. Em seu discurso na comemoração do Dia do Trabalhador, em 1º de
maio de 1983, Margarida denunciou que vinha recebendo ameaças de morte e disse
sua frase mais famosa: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome“. Três
meses depois, ela foi assassinada. Os principais suspeitos pela morte da
sindicalista são Agnaldo Veloso Borges, então proprietário da Usina Tanques, e
seu genro, José Buarque de Gusmão Neto, mais conhecido como Zito Buarque.
A líder sindical tornou-se um símbolo de resistência e luta
contra a violência no campo, pela reforma agrária e fim da exploração dos
trabalhadores rurais. Quando Margarida foi assassinada, 72 ações trabalhistas
estavam sendo movidas contra os fazendeiros locais. Após mais de 30 anos,
nenhum acusado pela morte da sindicalista foi condenado, embora o crime tenha
tido repercussão internacional.
Seu nome e sua história de luta inspiraram a Marcha das
Margaridas, que foi criada em 2000. Postumamente, Margarida Maria Alves recebeu
o Prêmio Pax Christi Internacional, em 1988. Todos os anos, na semana que
antecede o dia 12 de agosto, na cidade de Alagoa Grande, a população traz à
tona a memória da sindicalista, que foi a precursora feminina na Paraíba na defesa
dos direitos dos trabalhadores do campo.
Fonte: Observatório do terceiro Setor.
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