As batalhas pela independência do Brasil na Bahia duraram um ano e sete dias, entre 25 de junho de 1822 e 2 de julho de 1823. As mulheres desempenharam um papel importante no processo, e muitas se destacaram nas batalhas e na ajuda aos soldados brasileiros.
Mulheres nunca ganham protagonismo na história do Brasil. Basta reparar como, num país de maioria feminina, quase não existem protagonistas na nossa história oficial. E o mesmo processo de silenciamento ocorre com a história da independência do Brasil. A história tratou de apagar e subordinar as mulheres da elite.
Você já ouviu falar de Maria Quitéria de Jesus? Ela destacou-se nas guerras de independência do Brasil, lutando como combatente na Bahia. Aliás, fingiu ser homem para poder entrar no exército, uma vez que a instituição só admitia integrantes do sexo masculino.
(Imagem: Filomena Modesto Orge/Arquivo Público do Estado da Bahia)
Outra figura de destaque nas batalhas pela independência, foi Maria Felipa de Oliveira. Maria Felipa é outra protagonista baiana, negra e natural da Ilha de Itaparica. Descrita como uma negra alta e audaz que, sendo uma forte liderança em sua comunidade, tornou-se fundamental na organização da resistência insular.
Tomou parte das batalhas pela independência do Brasil, na Bahia, comandando cerca de 40 mulheres que foram responsáveis por queimar 42 embarcações portuguesas.
Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes classes e etnias, a Heroína Negra da Independência, como é conhecida, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo, como também as chamadas “vedetas” que eram vigias nas praias para prevenir o desembarque de tropas inimigas além de participar ativamente de vários conflitos.
Durante as batalhas seu grupo ajudou a incendiar inúmeras embarcações: a Canhoneira Dez de Fevereiro, em 1º de outubro de 1822, na praia de Manguinhos; a Barca Constituição, em 12 de outubro de 1822, na Praia do Convento; em 7 de janeiro de 1823, liderou aproximadamente 40 mulheres na defesa das praias. Armadas com peixeiras e galhos de cansanção surravam os portugueses para depois atear fogo aos barcos usando tochas feitas de palha de coco e chumbo.
Vale a pena se lembrar de Joana Angélica, a freira, se destacou pela coragem ao enfrentar os portugueses dispostos a invadir o Convento da Lapa, localizado no centro da cidade de Salvador.
Na época das lutas pela independência, ocupava pela segunda vez a direção do Convento da Lapa, quando as tropas portuguesas invadiram o local e deu-se o notório acontecimento. Resultado dos desentendimentos entre brasileiros e portugueses quanto a liderança do Governo das Armas, para o qual foi indicado o general português Inácio Luiz Madeira de Melo, o conflito passou a ser resolvido pelas armas. Assim, no dia 19 de fevereiro iniciou-se com a ofensiva portuguesa.
Os lusitanos atacaram o forte de São Pedro e, quase ao mesmo tempo, os quartéis da Palma e da Mouraria. Onde se encontravam oficiais e soldados brasileiros. Nessa investida ao quartel da Mouraria, um grupo de soldados tentou invadir o recolhimento, do qual Joana Angélica era abadessa. Os portugueses acreditavam que no claustro, vizinho ao quartel, houvesse sediciosos e armas escondidas. Como diretora do Convento, Sóror Joana Angélica postou-se à porta de entrada diante dos soldados numa tentativa de impedir que aquele local, totalmente vedado a homens, fosse maculado.
Colocou-se como barreira, proferindo as palavras. Joana Angélica de Jesus morreu em 1822, assassinada por tropas portuguesas.
Fonte:http://200.187.16.144:8080/jspui/bitstream/bv2julho/842/1/RM_n02_Joana%20Ang%C3%A9lica.pdf
http://200.187.16.144:8080/jspui/bitstream/bv2julho/841/1/RM_n02_Maria%20Felipa.pdf
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