Sabe quem foi Luísa Mahin?

 

Uma negra, africana livre, da Costa da Mina”, é como Luiz Gama começa a descrever sua mãe Luiza Mahin na carta que escreveu ao seu amigo Lucio de Mendonça em 1880. Uma mulher mítica idealizada e reverenciada pela comunidade negra por sua trajetória, representada pela memória histórica de uma quituteira, ex-escrava de ganho[1] símbolo de resistência negra e herança cultural para população afrodescendente


                                                  Ilustração de Luísa Mahin. (Ilustração: Thiago Krening/TVE/RS)

Nascida em Costa Mina, na África, no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida para o Brasil como escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô, Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.

Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.

Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.

Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África.

Como negra africana, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus filhos naturais, Luís Gama (1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores abolicionista do Brasil.

Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola. Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove essa informação.

Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.

Fontes: Fundaçao Palmares Cultural e Geledés 

 



[1] O escravo de ganho foi uma figura marcante do Brasil Colonial, comum nas áreas urbanas nos anos de 1800. Esses escravos tinham o direito de vender produtos e prestar alguns serviços remunerados. Vendiam doces, flores, cuidavam de alguns comércios e faziam o transporte de pessoas, e serviços de pedreiros e carpinteiros, parte da remuneração ficava com o escravo e a outra parte (maior) com seu senhor, muitos escravos usavam o dinheiro ganho com estes trabalhos para comprar sua liberdade. Extraído de http://www.atlantos.com.br/artigos/escravos-de-ganho  por Giancarlo Giacomelli (2016).

 Ativismo na defesa das mulheres

O ASSASSINATO DA MULHER QUE LUTOU PELO DIVÓRCIO NO BRASIL

 

Anita Carrijo/ Foto: Biblioteca Nacional

Anita Carrijo era uma das líderes nacionais do movimento pelo divórcio em uma época em que era permitido apenas o desquite no Brasil. O divórcio só foi aceito no país em 1977.

Escritora e membro da Federação das Mulheres do Estado de São Paulo (FMESP), palestrava em associações que defendiam os direitos das mulheres sobre a importância da emancipação feminina, o direito ao divórcio e a creche para as crianças de mulheres trabalhadoras. Por seu trabalho, tornou-se nacionalmente conhecida.

Ela exigia uma mudança na lei brasileira de 1934, que caracterizava o casamento como algo indissolúvel e pedia que ela fosse revogada na Constituição brasileira de 1946.

A dentista conclamava o apoio público de políticos. Ela dizia: “é preciso darem o seu apoio ao movimento divorcista publicamente, sem receio de ofenderem seus princípios religiosos, já que os mesmos não nos dão, em caso de infelicidade no matrimônio, nenhuma solução moral compatível com a realidade da vida. 

Anita, no entanto, não viveu tempo suficiente para ver o divórcio se tornar legalmente possível no país. Ela foi encontrada morta em seu apartamento em 13 de maio de 1957 e seu assassinato nunca foi solucionado.

Fotografias de seu cadáver amordaçado estamparam jornais em todo o país. Por cima das imagens, vinham manchetes como a da capa do tabloide fluminense A Luta Democrática: “Assassinada em seu apartamento a líder feminista e divorcista”.

Seu corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) na tarde do mesmo dia. Segundo o laudo oficial, a causa da morte foi asfixia mecânica e o legista desconsiderou violência sexual, apesar da posição em que o corpo foi encontrado e sua roupa de baixo estar revirada. O documento apontou também a presença de álcool no sangue, bem como queijo e presunto no trato digestivo.

Para a polícia, duas ou mais pessoas foram as responsáveis pelo crime, que foi tratado como latrocínio, ainda que os objetos de valor como joias não tivessem sido levados e o cofre da residência estivesse intocado. As únicas coisas que sumiram foram uma máquina de escrever e um pequeno aparelho de diatermia.

A investigação do homicídio pouco avançou. O laudo do legista foi, posteriormente, considerado falho e não teve qualquer supervisão da então Delegacia de Segurança Pessoal. Uma semana após o crime e as impressões digitais recolhidas no apartamento ainda não tinham sido analisadas pelo serviço datiloscópico. Mais de cem pessoas foram ouvidas pela polícia, mas todas foram soltas em seguida.

Uma campanha de difamação logo começou na mídia sensacionalista. Anita foi acusada de receber homens em seu apartamento, de ser traficante de drogas e de frequentar boates e casas de prostituição. O caso foi arquivado em 1970 por falta de provas.

Anita foi sepultada no Cemitério do Araçá, na capital paulista, mas seu túmulo foi vendido para outra família e seus restos mortais não foram encontrados.

Fontes:  BBC Brasil

 








 

Bertha Lutz uma das personagens essenciais para o voto feminino

 "Recusar à mulher a igualdade de direitos em virtude do sexo é denegar justiça a metade da população" Bertha Lutz

 

A brasileira Bertha Lutz lutou para que o termo “mulheres” fosse incluído no documento que fundou a ONU e que garante a todos os seres humanos o direito à vida. Bertha era cientista, ativista feminista e educadora.

Bertha Lutz / Foto: Arquivo ONU

Bertha Lutz foi uma cientista, ativista feminista, bióloga, educadora, diplomata e política brasileira, que lutou durante a Conferência de São Francisco para que o termo “mulheres” fosse incluído no documento que fundou a ONU e que garante a todos os seres humanos o direito à vida. Nasceu em São Paulo, no dia 2 de agosto de 1894. 

A cientista, além de ser uma das principais sufragistas brasileiras, contribuiu para que todas as mulheres do mundo tivessem seus direitos básicos garantidos. Foi uma ativista pelo feminismo, responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto às mulheres e igualdade de direitos políticos nos anos 20 e 30. Bióloga, política e uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX.

Parte da história da brasileira pode ser conhecida no novo documentário da HBO ‘Bertha Lutz – A mulher na carta da ONU’, disponível na plataforma de streaming HBO GO.

O documentário coloca em foco a importância de Bertha Lutz na Conferência, já que muitas vezes a única figura feminina destacada nesse contexto é Eleanor Roosevelt, defensora dos direitos humanos e mulher do então presidente dos Estados Unidos.

O longa de caráter investigativo volta os olhos dos telespectadores para a trajetória de duas estudantes, a argelina Fatima Sator e a norueguesa Elise Luhr Dietrichson, que entram em uma corrida contra fatos históricos para garantir o reconhecimento a Bertha Lutz.

Bertha Lutz era uma das únicas quatro representantes do sexo feminino na conferência que reuniu 850 líderes de todo o mundo, não tinha medo de defender as mulheres e se posicionar e, por diversas vezes, sofreu tentativas de ser silenciada, inclusive das próprias mulheres que ali estavam, segundo relatos que ela própria dividiu através de cartas.

Bertha faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de setembro de 1976. Atualmente, existe um sítio na internet dedicado à sua atuação política e científica. Trata-se do Museu Virtual Bertha Lutz, desenvolvido na Universidade de Brasília, com apoio do CNPq.

Referência:

Fontes:  Observatório do Terceiro Setoe Wikipédia

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