Historiadora, roteirista, escritora, e ativista (pelos direitos humanos e do movimento negro), nascida em Sergipe em 1942, assassinada em crime de feminicídio em 1995. Maria Beatriz Nascimento, que hoje dá nome a biblioteca do Arquivo Nacional realizou, em parceria com a socióloga Raquel Gerber o documentário Ori, de 1988, que retrata o Movimento Negro nos anos 1970 e 1980. No centro das suas pesquisas acadêmicas, o quilombo, a mulher negra, a inferiorização da população afrodescendente. Foi uma das primeiras historiadoras a questionar a abordagem acadêmica, majoritariamente branca, de temas relacionados ao negro na sociedade brasileira.
Beatriz não apenas estudou, mas também militou e combateu, especialmente o racismo e a discriminação de gênero, e a violência destes resultante. Feminista, apontava com veemência a condição subalterna a que a mulher negra era muitas vezes reduzida.
Formada em história pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, estagiou no Arquivo Nacional, que atualmente possui o fundo Maria Beatriz Nascimento e que a homenageia através do nome da biblioteca. Ela deslocou-se entre academia e militância no movimento negro, confrontando ambientes universitários ensimesmados e tecendo um pensamento histórico a partir de vivências e andanças. Na segunda metade dos anos 1970, Beatriz começa a integrar núcleos de estudos no estado do Rio de Janeiro, juntamente com outros ativistas. Um destes grupos formados denominava-se Grupo de Trabalho André Rebouças ( Universidade Federal Fluminense), do qual ela se tornou orientadora. Com o objetivo de introduzir e ampliar principalmente na universidade conteúdos acerca das relações raciais no Brasil, os grupos de trabalho buscam envolver alunos e professores. Ainda na UFF, completa a especialização em 1981, com a pesquisa Sistemas alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas.
Beatriz Nascimento, ao longo de vinte anos, tornou-se estudiosa das temáticas relacionadas ao racismo e aos quilombos, abordando a correlação entre corporeidade negra e espaço com as experiências diaspóricas dos africanos e descendentes em terras brasileiras, por meio das noções de “transmigração” e “transatlanticidade”. Seus artigos foram publicados em periódicos como Revista de Cultura Vozes, Estudos Afro-Asiáticos e Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de inúmeros artigos e entrevistas a jornais e revistas de grande circulação nacional, a exemplo do suplemento Folhetim da Folha de S. Paulo, Isto é, jornal Maioria Falante, Última Hora e a revista Manchete.