É fato que coisas horríveis aconteceram durante a ditadura militar no Brasil, causando danos irreparáveis a inúmeras pessoas, uma destas é Sylvia Montarroyos, estudante de 17 anos que foi submetida a práticas de tortura e internada em um manicômio. Sua transgressão? Alfabetizar lavradores.
A estudante Sylvia
Montarroyos tinha apenas 17 anos quando foi presa pelo regime militar por
distribuir um jornal com conteúdo “subversivo” e alfabetizar lavradores.
Desacordada,
recebia soro na ala feminina do Manicômio da Tamarineira, no Recife. Os “olhos
diabolicamente ingênuos”, como descreveu o delegado que a prendera, estavam
fechados. Media 1,55 m e pesava menos de 30 kg. Os cabelos longos tinham sido
raspados em um quartel do Exército. No braço esquerdo, uma das queimaduras de
cigarro que marcavam sua pele tinha infeccionado e cheirava a carne podre.
Sylvia
de Montarroyos escreveu o livro de memórias ‘Réquiem por Tatiana’. O drama
vivido pela ativista é relatado nas mais de 400 páginas do livro. Segundo
Sylvia, a obra relata suas memórias desde 2 de novembro de 1964, quando foi
presa, até o momento em que saiu do Brasil, quase dois anos depois.
“Durante
este tempo, fui brutalmente torturada em vários quartéis de Pernambuco e
cheguei a ser internada no Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, que na
época era Hospital da Tamarineira, onde fiquei por cerca de 10 meses. Cheguei
lá pesando 23 quilos. O tratamento da época era à base de choques elétricos e
drogas, mas mesmo assim consegui me recuperar um pouco. Então fui para a casa
dos meus pais, mas fiquei só uma semana lá, pois os militares expediram mais um
mandato de prisão. Fugi do Recife, passei um tempo no Rio de Janeiro e em São
Paulo e, depois, fui para o Uruguai”, relatou Sylvia de Montarroyos.
Como
Silvia, um levantamento do site UOL descobriu 24 casos de presos políticos
internados pela ditadura militar em instituições psiquiátricas, em nove
unidades da federação. Pelo menos 22 foram antes submetidos a tortura em
prisões comuns. As internações foram determinadas pela Justiça Militar ou por
autoridades que tinham os presos políticos sob custódia. A Ditadura Militar no
Brasil teve início com o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart,
o então presidente democraticamente eleito no país, e durou entre os anos de
1964 e 1985.
Fonte:
Observatório do Terceiro Setor.
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