Arpillera: A Arte como cúmplice da resistência popular!
A arpillera é uma técnica têxtil que possui raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras de Isla Negra, localizada no litoral central chileno, durante o regime de Pinochet (1973‐1990), no subúrbio de Santiago as mulheres pobres costuravam, em tecido rústico, uma técnica de contação de histórias a partir da arte do bordado. A conhecida folclorista Violeta Parra ajudou a difundir este trabalho artesanal que percorriam o mundo denunciando a violação dos direitos humanos. Além do conteúdo explicitamente político, a reivindicação dessa técnica destaca a importância política do encontro entre as mulheres, entendendo que nasce do mais cotidiano e que é uma realidade historicamente desvalorizada. Dessa forma, envolve diferentes linguagens, expressando no artístico a emocionalidade e o sentimentalismo, elementos convencionalmente ligados ao feminino.
"Las mujeres eran fotógrafas con una aguja y un delantal; ellas se relacionaron con nosotros a partir de sus vivencias y perspectivas personales (…) Haciendo arpilleras, las arpilleristas recrearon sus propias vidas y las transformaron en verdaderos autorretratos". Emma Sepúlveda, en WE, CHILE: Personal Testimonies of the Chilean Arpilleristas, 1996.
No Brasil, a técnica pelo Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB) em realizadas com mais de 900 mulheres atingidas por projetos hidrelétricos nas cinco regiões do Brasil desde 2013.
Por estarmos em um blogger que tem por finalidade de potencialização de debates sobre lutas das mulheres, indico o filme que traz ao uso da arte, do bordado para promover resistência, e transformação social, divulgando e contribuindo com a história pública. Estes bordados, que segundo Violeta Parra “são canções que se pintam”, trazem ao público uma reflexão do que é ser mulher atingida.
O filme “Arpilleras: bordando a resistência” vai contar as histórias de cinco mulheres atingidas por barragens em cinco regiões brasileiras. Vidas inteiras alagadas pelo discurso do desenvolvimento. Para as mulheres, as violações de direitos são ainda maiores. Denunciando à sociedade brasileira e internacional a violação de direitos das mulheres, especialmente. E vai mostrar também o protagonismo e coragem destas mulheres na luta pelos direitos.
Os relatos, apesar de singulares, denunciam em comum a lógica predatória das empresas do setor elétrico, vigente em todo o país. Comunidades inteiras deparam-se com a negação do direito à informação, à terra e à memória. Para as mulheres, as violações de direitos são ainda maiores. Com a chegada de milhares de operários nos pequenos municípios que abrigam os canteiros de obras das hidrelétricas, por exemplo, há um aumento exponencial de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro.
.
Fonte: MAB
e 900 mulheres atingidas por projetos hidrelétricos nas cinco *www.mabnacional.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário